Tudo o que um lápis pode conter

Espaço de partilha sobre as actividades de Expressão como Actividades Globalizantes e Interdisciplinares fundamentais no desenvolvimento da criança. Teve por base a acção de formação que já partilhei ao longo de alguns anos, mas pretende-se ir mais além...Compreender a arte da criança, simplesmente respeitando-a, nesse acto individualizado de expressão
livre, que só a si lhe pertence e como tal deve ser respeitado.
Espaço ainda para a literatura infantil como mediador e receptor da expressão livre e espaço para a arte em geral!



domingo, 14 de fevereiro de 2010


Evolução do desenho Infantil (Parte IV)

Trabalhos de Liliane Lurçat (1985), dão-nos uma perspectiva diferente das anteriores descrições, sobre a evolução do desenvolvimento da expressão gráfica.
Esta autora distingue três níveis, sendo o primeiro o nível motor (dos dezasseis meses aos dois anos), os traços impulsivos são o resultado da actividade motora ainda não controlada, executados indiferentemente por ambas as mãos. Surgem segmentos de recta e curvas no sentido da rotação (perto dos vinte e um meses). Perto dos dois anos já efectua um círculo alongado, com o domínio do controle dos movimentos próximos, depois distantes, permitindo uma evolução progressiva no que vai desenhar.
O segundo nível, o perceptivo, é considerado como o período de aperfeiçoamento do controle visual - motor. Primeiro começa pelo controle mão -olho, através de um traço já produzido, passando posteriormente para o inverso, olho - mão, sendo agora a mão guiada pelo olho de um traço a outro, anteriormente realizado, num melhoramento progressivo do "girino".
O controle global corresponde à realização de desenhos nos dois sentidos da curvatura, o positivo e o negativo.
Neste nível surge a função simbólica nas primeiras figuras, onde já se verifica convergência de actividade verbal e gráfica.
No terceiro nível, o da "representação" que surge entre os três e os quatro anos, começa a surgir a objectivação do grafismo. A principal manifestação é a distinção entre escrita e desenho que evolui por duas vias, a não figurativa, que não são mais do que formas de exploração de espaço gráfico e a via do figurativo, em que o objecto aparece sob uma forma mais verbal do que representativa, por exemplo, faz um círculo e diz que desenhou o Sol. Existe uma junção do aspecto verbal e gráfico. Surge a redução do objecto a um esquema simplificado, o girino, por exemplo.
Mais tarde, surge o estereótipo e por volta dos 5 anos a criança já conseguirá reproduzir as direcções do espaço objectivo no espaço gráfico, posições de personagens na vertical, horizontal, à frente, atrás, em cima, em baixo, etc.
A partir desta idade o grafismo sofre a influência escolar. A cópia pode ser imediata ou sob a forma de modelo interiorizado.
A evolução do desenho surge na forma como as personagens são orientadas no espaço gráfico e na decoração do seu vestuário, nos detalhes.
A complexidade aumenta entre os 6 e os 7 anos. Surge a profundidade, as relações de tipo frente, trás, perto, longe.
Por volta dos 6-7 anos as crianças não gostam que os adultos se intrometam. No entanto os pais deverão dar muito apoio e ajudar os filhos a organizarem-se. O desenvolvimento da personalidade assume uma grande importância nesta idade, daí ser necessário adultos compreensivos e sensíveis.

A criança atravessa um período maravilhoso, Fonseca (1990) refere que a energia e o entusiasmo são expressos de maneira positiva e não de maneira negativa. Verifica-se também um retorno considerável às actividades de colorir e recortar. Por volta dos 6 anos a criança tende a relacionar-se profundamente com os adultos que a rodeiam. Aos 7 anos muitas crianças já manifestam uma certa serenidade. Surge o momento de ordenar a experiência acumulada e de relacionar experiências novas com as antigas, daí ser, na opinião de Fonseca (1990), uma idade assimilativa, isto é, tem consciência de si própria e também dos outros e é também muito sensível às atitudes das outras pessoas. É importante para o desenvolvimento da criança, a vida em grupo. Deste modo, o trabalho de grupo serve como meio de promover a interacção social. Lima (1995) concorda que este método de trabalho contribui para a socialização da criança, alegando que uma vivência em grupo desenvolve hábitos sociais, auto disciplina e responsabilidade.

EC


Bibliografia:
Fonseca, A. F. (1990) . A psicologia da criatividade. Lisboa: Escher.

Lima, I. (1995) . Atelier de pintura - um espaço para a expressão livre.
Integrar, 6, 46 - 50.

Lurçat, L. (1985) . Realisme et modèle interne: A propos du dessin de l' enfant.
Bulletin de Psychologie ,XXXVIII, 369, 231-241.

1 comentário:

  1. Olá! Gostaria de saber onde posso encontrar texto da Liliane Lurçat citado na bibliografia. Podes me enviar? desde ja agradeço!

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